O estilo de época esta,
de certa maneira, vinculada a acontecimentos políticos, sociais e econômicos de
um dado contexto histórico. Por exemplo, como separar a atitude patriótica dos
escritores românticos brasileiros do movimento de independência do país: como deixar de observar a liberdade
total de expressão dos modernistas, sem reconhecer o progresso dinâmico, o
surto de novidades que contagiou o século XX.
HISTÓRIA DA LITERATURA EM PORTUGAL
Denominamos Literatura de Portugal
(doravante literatura portuguesa) a literatura
escrita no idioma português por escritores portugueses.
Fica excluída, no âmbito deste artigo, a literatura brasileira, assim
como as literaturas
de outros países lusófonos, e também as obras escritas em Portugal
nas línguas distintas do português, como o latim e o castelhano.
Os inícios da literatura portuguesa encontram-se
na poesia
galego-portuguesa medieval, desenvolvida
originalmente na Galiza
e no Norte de Portugal. A Idade de ouro situa-se no Renascimento,
momento em que aparecem escritores como Gil
Vicente, Bernardim Ribeiro, Sá
de Miranda e sobretudo o grande poeta
épico Luís de Camões, autor de Os
Lusíadas. O século XVII ficou marcado pela introdução do Barroco
em Portugal e é geralmente considerado como um século de decadência literária,
não obstante a existência de escritores como o Padre António
Vieira, o Padre Manuel
Bernardes e Francisco Rodrigues Lobo. Os
escritores do século XVIII, para contrariarem uma certa decadência da fase
barroca, fizeram um esforço no sentido de recuperar o nível da idade dourada –
o neoclassicismo,
através da criação de Academias e Arcádias
literárias. Com o século XIX, foram abandonados os ideais
neoclássicos, Almeida Garrett introduziu o Romantismo,
seguido por Alexandre Herculano e Rebelo
da Silva. No campo da novela, na segunda metade do século XIX,
desenvolveu-se o Realismo, de feição naturalista,
cujos máximos representantes foram Eça de Queiroz, Ramalho
Ortigão e Camilo Castelo Branco. As
tendências literárias do século XX estão representadas, principalmente, por Fernando
Pessoa, considerado como o grande poeta nacional a par de Camões, e
já nos seus últimos anos pelo desenvolvimento da prosa
de ficção, graças a autores como António Lobo Antunes e José
Saramago, Prémio Nobel de Literatura.
ORIGENS DA LITERATURA PORTUGUESA
A literatura portuguesa nasceu formalmente no
momento em que surgiu o português língua escrita, nos séculos XII e XIII. Ainda
que seja provável a existência de formas poéticas anteriores, os primeiros
documentos literários conservados pertencem precisamente à lírica galego-portuguesa,
desenvolvida entre os séculos XII e XIV com uma importante influência na poesia
trovadoresca provençal. Esta lírica era formada por canções ou cantigas breves,
difundidas por trovadores (poetas) e segréis (instrumentistas) e desenvolveu-se
primeiro na Galiza
e no Norte de Portugal. Mais tarde trasladou-se para a corte de Afonso X o Sábio, rei de Castela e de Leão, onde
as cantigas
continuaram a ser escritas em galego-português.
Os primeiros poetas conhecidos são João Soares de Paiva e Paio Soares de Taveirós, sendo de autoria
deste último a "Cantiga da Ribeirinha", também conhecida
como "Cantiga da Garvaia"Outros poetas desenvolveram sua arte na
corte do rei D. Afonso III de Portugal e mais tarde na de D. Dinis,
ambos monarcas protectores e impulsionadores da cultura livresca. O corpus
total da lírica galaico-portuguesa, composto por 1685 textos, excluindo as Cantigas de Santa Maria, está reunido em
Cancioneiros ou Livros das Canções: o Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Vaticana e Cancioneiro da Biblioteca Nacional
de Lisboa (Colocci Brancuti), além dos pergaminhos Vindel
e Sharrer.A prosa em português teve um
desenvolvimento mais tardio que a poesia e não apareceu até o século XIII,
época em que adoptou a forma de breves crónicas, hagiografias
e tratados de genealogia denominados Livros de Linhagens. Não se conservou
nenhum cantar de gesta portuguesa, mas sim, em mudança, livros de cavalaria, como a
"Demanda do Santo Graal". Nesta época escreveu-se ademais,
possivelmente, a primeira versão, hoje perdida, do Amadis
de Gaula, cujos três primeiros livros foram escritos segundo algumas fontes
por um tal João Lobeira, trovador de finais
do século XIII. Estas narrações cavalheirescas, ainda que desprezadas pelos
homens cultos de finais da Idade Média e do Renascimento, gozaram do favor
popular, dando lugar às intermináveis sagas dos "Amadises" e os
"Palmerins", tanto em Portugal como em Espanha
Barroco
Em geral, a literatura portuguesa do século
XVII tem sido considerada inferior à do século anterior, que por isso
atinge a qualificação de Século
de Ouro. Esta inferioridade atribuiu-se ao absolutismo
da monarquia, e à influência da Inquisição,
que impôs a censura e o Index Librorum Prohibitorum. No
entanto, pode apreciar-se um declínio geral, tanto político como cultural, da
nação portuguesa neste século. O Gongorismo
e o marinismo manifestam-se nos poetas
"seiscentistas", impondo o gosto pelo retórico e o obscuro. A
revolução que levaria à Independência de Portugal em 1640 não conseguiu no
entanto investir a tendência descendente, nem atenuar a influência cultural de Espanha, de
maneira que o castelhano seguiu sendo o idioma mais empregado
entre as classes dominantes e entre os autores que procuravam uma audiência
mais ampla, tendo os autores portugueses de séculos anteriores sido esquecidos
como modelos. Esta influência estrangeira foi especialmente forte no teatro: os
dramaturgos portugueses escreveram em castelhano, de maneira que o português só
foi empregue em peças religiosas de escasso valor ou em comédias engenhosas
como as de Francisco Manuel de Melo, autor de um Auto
do Fidalgo Aprendiz. Nesta época surgiram diversas Academias de nomes
exóticos que tentaram elevar o nível geral das letras portuguesas, mas que se
perderam em discussões estéreis e ajudaram ao triunfo do pedantismo.
Poesia lírica
No século
XVII continuaram a produzir-se obras do género pastoril, como as de Francisco Rodrigues Lobo, melodiosas ainda
que artificiosas. D. Francisco Manuel de Melo, autor de sonetos morais,
escreveu também imitações de romances populares, como o Memorial
a Juan IV, bem como os engenhosos Apólogos Diálogos, e a filosofia
doméstica da Carta de Guia de Casados, em prosa. Outros poetas deste
período são Soror Violante do Ceo e Frei Jerónimo Bahia, gongoristas,
Frei Bernardo de Brito, autor da Sylvia de Lizardo
e os escritores satíricos Tomás de Noronha e António Serrão de Castro.
Prosa
No século XVII foi em general mais produtivo no
campo da prosa que no do verso: floresceram a historiografia,
a biografia,
a eloquência religiosa e o género epistolar. Os principais
historiadores desta época foram monges que trabalhavam nas suas instituições e
não, como no século anterior, viajantes ou conquistadores, testemunhas dos
factos narrados; isto fez que em general fossem melhores estilistas que
historiadores. Por exemplo, dentre os cinco autores que contribuíram para a
extensa obra Monarquia Lusitana, só Frei António Brandão estava consciente da importância da
evidência documental. Frei Bernardo
de Brito, por exemplo, começou a obra com a Criação e terminou-a onde
deveria tê-la começado, confundindo constantemente lenda e verdade histórica.
Frei Luís de Sousa, famoso estilista, trabalhou com
materiais anteriores para criar a famosa hagiografia
Vida de D. Frei Bartolomeu dos Mártires e seus Anais do Rei D. João
III. Manuel de Faria e Sousa, historiador e
comentarista da obra de Camões, elegeu o castelhano como meio de expressão,
como Melo quando se propôs relatar as Guerras Catalãs, enquanto Jacinto Freire de Andrade relatou numa
linguagem grandiloquente a vida do vice-rei justiceiro D. João
de Castro.
A eloquência religiosa atingiu sua máxima altura
neste século, no qual a originalidade e o poder imaginativo dos seus sermões
fizeram com que o português Padre António
Vieira fosse considerado em Roma como o "Príncipe dos Oradores Católicos". Os
discursos do horaciano
Manuel
Bernardes podem ser considerados um modelo clássico de prosa portuguesa. A
escritura epistolar está representada por sua vez por autores como Francisco Manuel de Melo, Frei António das Chagas e pelas
cinco cartas que compõem as Cartas de Soror Mariana Alcoforado.
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