sexta-feira, 28 de setembro de 2012

ESTILOS DE EPOCA, LITERATURA PORTUGUESA 1




 O estilo de época esta, de certa maneira, vinculada a acontecimentos políticos, sociais e econômicos de um dado contexto histórico. Por exemplo, como separar a atitude patriótica dos escritores românticos brasileiros do movimento de independência  do país: como deixar de observar a liberdade total de expressão dos modernistas, sem reconhecer o progresso dinâmico, o surto de novidades que contagiou o século XX.

 HISTÓRIA DA LITERATURA EM PORTUGAL

Denominamos Literatura de Portugal (doravante literatura portuguesa) a literatura escrita no idioma português por escritores portugueses. Fica excluída, no âmbito deste artigo, a literatura brasileira, assim como as literaturas de outros países lusófonos, e também as obras escritas em Portugal nas línguas distintas do português, como o latim e o castelhano.
Os inícios da literatura portuguesa encontram-se na poesia galego-portuguesa medieval, desenvolvida originalmente na Galiza e no Norte de Portugal. A Idade de ouro situa-se no Renascimento, momento em que aparecem escritores como Gil Vicente, Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda e sobretudo o grande poeta épico Luís de Camões, autor de Os Lusíadas. O século XVII ficou marcado pela introdução do Barroco em Portugal e é geralmente considerado como um século de decadência literária, não obstante a existência de escritores como o Padre António Vieira, o Padre Manuel Bernardes e Francisco Rodrigues Lobo. Os escritores do século XVIII, para contrariarem uma certa decadência da fase barroca, fizeram um esforço no sentido de recuperar o nível da idade dourada – o neoclassicismo, através da criação de Academias e Arcádias literárias. Com o século XIX, foram abandonados os ideais neoclássicos, Almeida Garrett introduziu o Romantismo, seguido por Alexandre Herculano e Rebelo da Silva. No campo da novela, na segunda metade do século XIX, desenvolveu-se o Realismo, de feição naturalista, cujos máximos representantes foram Eça de Queiroz, Ramalho Ortigão e Camilo Castelo Branco. As tendências literárias do século XX estão representadas, principalmente, por Fernando Pessoa, considerado como o grande poeta nacional a par de Camões, e já nos seus últimos anos pelo desenvolvimento da prosa de ficção, graças a autores como António Lobo Antunes e José Saramago, Prémio Nobel de Literatura.

ORIGENS DA LITERATURA PORTUGUESA

A literatura portuguesa nasceu formalmente no momento em que surgiu o português língua escrita, nos séculos XII e XIII. Ainda que seja provável a existência de formas poéticas anteriores, os primeiros documentos literários conservados pertencem precisamente à lírica galego-portuguesa, desenvolvida entre os séculos XII e XIV com uma importante influência na poesia trovadoresca provençal. Esta lírica era formada por canções ou cantigas breves, difundidas por trovadores (poetas) e segréis (instrumentistas) e desenvolveu-se primeiro na Galiza e no Norte de Portugal. Mais tarde trasladou-se para a corte de Afonso X o Sábio, rei de Castela e de Leão, onde as cantigas continuaram a ser escritas em galego-português.
Os primeiros poetas conhecidos são João Soares de Paiva e Paio Soares de Taveirós, sendo de autoria deste último a "Cantiga da Ribeirinha", também conhecida como "Cantiga da Garvaia"Outros poetas desenvolveram sua arte na corte do rei D. Afonso III de Portugal e mais tarde na de D. Dinis, ambos monarcas protectores e impulsionadores da cultura livresca. O corpus total da lírica galaico-portuguesa, composto por 1685 textos, excluindo as Cantigas de Santa Maria, está reunido em Cancioneiros ou Livros das Canções: o Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Vaticana e Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa (Colocci Brancuti), além dos pergaminhos Vindel e Sharrer.A prosa em português teve um desenvolvimento mais tardio que a poesia e não apareceu até o século XIII, época em que adoptou a forma de breves crónicas, hagiografias e tratados de genealogia denominados Livros de Linhagens. Não se conservou nenhum cantar de gesta portuguesa, mas sim, em mudança, livros de cavalaria, como a "Demanda do Santo Graal". Nesta época escreveu-se ademais, possivelmente, a primeira versão, hoje perdida, do Amadis de Gaula, cujos três primeiros livros foram escritos segundo algumas fontes por um tal João Lobeira, trovador de finais do século XIII. Estas narrações cavalheirescas, ainda que desprezadas pelos homens cultos de finais da Idade Média e do Renascimento, gozaram do favor popular, dando lugar às intermináveis sagas dos "Amadises" e os "Palmerins", tanto em Portugal como em Espanha

Barroco

Em geral, a literatura portuguesa do século XVII tem sido considerada inferior à do século anterior, que por isso atinge a qualificação de Século de Ouro. Esta inferioridade atribuiu-se ao absolutismo da monarquia, e à influência da Inquisição, que impôs a censura e o Index Librorum Prohibitorum. No entanto, pode apreciar-se um declínio geral, tanto político como cultural, da nação portuguesa neste século. O Gongorismo e o marinismo manifestam-se nos poetas "seiscentistas", impondo o gosto pelo retórico e o obscuro. A revolução que levaria à Independência de Portugal em 1640 não conseguiu no entanto investir a tendência descendente, nem atenuar a influência cultural de Espanha, de maneira que o castelhano seguiu sendo o idioma mais empregado entre as classes dominantes e entre os autores que procuravam uma audiência mais ampla, tendo os autores portugueses de séculos anteriores sido esquecidos como modelos. Esta influência estrangeira foi especialmente forte no teatro: os dramaturgos portugueses escreveram em castelhano, de maneira que o português só foi empregue em peças religiosas de escasso valor ou em comédias engenhosas como as de Francisco Manuel de Melo, autor de um Auto do Fidalgo Aprendiz. Nesta época surgiram diversas Academias de nomes exóticos que tentaram elevar o nível geral das letras portuguesas, mas que se perderam em discussões estéreis e ajudaram ao triunfo do pedantismo.

Poesia lírica

No século XVII continuaram a produzir-se obras do género pastoril, como as de Francisco Rodrigues Lobo, melodiosas ainda que artificiosas. D. Francisco Manuel de Melo, autor de sonetos morais, escreveu também imitações de romances populares, como o Memorial a Juan IV, bem como os engenhosos Apólogos Diálogos, e a filosofia doméstica da Carta de Guia de Casados, em prosa. Outros poetas deste período são Soror Violante do Ceo e Frei Jerónimo Bahia, gongoristas, Frei Bernardo de Brito, autor da Sylvia de Lizardo e os escritores satíricos Tomás de Noronha e António Serrão de Castro.

Prosa

No século XVII foi em general mais produtivo no campo da prosa que no do verso: floresceram a historiografia, a biografia, a eloquência religiosa e o género epistolar. Os principais historiadores desta época foram monges que trabalhavam nas suas instituições e não, como no século anterior, viajantes ou conquistadores, testemunhas dos factos narrados; isto fez que em general fossem melhores estilistas que historiadores. Por exemplo, dentre os cinco autores que contribuíram para a extensa obra Monarquia Lusitana, só Frei António Brandão estava consciente da importância da evidência documental. Frei Bernardo de Brito, por exemplo, começou a obra com a Criação e terminou-a onde deveria tê-la começado, confundindo constantemente lenda e verdade histórica. Frei Luís de Sousa, famoso estilista, trabalhou com materiais anteriores para criar a famosa hagiografia Vida de D. Frei Bartolomeu dos Mártires e seus Anais do Rei D. João III. Manuel de Faria e Sousa, historiador e comentarista da obra de Camões, elegeu o castelhano como meio de expressão, como Melo quando se propôs relatar as Guerras Catalãs, enquanto Jacinto Freire de Andrade relatou numa linguagem grandiloquente a vida do vice-rei justiceiro D. João de Castro.
A eloquência religiosa atingiu sua máxima altura neste século, no qual a originalidade e o poder imaginativo dos seus sermões fizeram com que o português Padre António Vieira fosse considerado em Roma como o "Príncipe dos Oradores Católicos". Os discursos do horaciano Manuel Bernardes podem ser considerados um modelo clássico de prosa portuguesa. A escritura epistolar está representada por sua vez por autores como Francisco Manuel de Melo, Frei António das Chagas e pelas cinco cartas que compõem as Cartas de Soror Mariana Alcoforado.

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